terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

(des)conforto


é esse calor, o ventilador constante no peito, costas, agora peito, costas de novo. é abrir os olhos. é levantar-se da cama com o desconforto de não saber mais como continuar dormindo. pois a verdade (como ouso?) era que até mesmo os sonhos compunham apenas um tecido que lentamente se desfiava... fios soltos da minha vela, sendo lançados ao mar de ressaca em que agora me encontro. há sol, mas a maré tá braba, depois da tempestade. o que, aliás, qualquer navegador menos indolente saberia ser previsível. e no entanto meu único conforto (além das metáforas, veja bem) é ter descoberto que ainda é possível chover. olha aí, tá na superfície das águas. por isso hoje deixo o navegante sentar-se no convés, à deriva, sem vela, e vigiar o céu com estes olhos, que tenho aqui agora, e que ontem mesmo choveram.